VÍDEO: número de homicídios cai, e índice de casos elucidados se mantém elevado

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Chaiane Appelt (arquivo Diário)
11º homicídios de Santa Maria em 2020. Gilson Senna Magalhães foi encontrado morto com golpes de arma branca no Bairro Passo D'Areia em 19 de fevereiro

O ano de 2020 terminou com o menor índice de assassinatos nos últimos cinco anos em Santa Maria. A Polícia Civil contabilizou 44 assassinatos na cidade nos últimos 12 meses, sendo apenas um feminicídio. Em 2019, foram 45 mortes. Ao mesmo tempo em que os crimes de morte vêm registrando diminuição, o número de casos elucidados tem se mantido elevado.

Janeiro do ano passado foi o mês em que a polícia atendeu o maior número de homicídios, com um total de sete. Já junho foi o único mês em que não houve nenhum crime contra a vida.

Em relação ao alto ou ao baixo número dos crimes em determinados meses, o delegado Gabriel Zanella, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), afirma que o homicídio é difícil e complexo de se prevenir. Por isso, acontece de alguns períodos serem mais calmos que outros, por algumas circunstâncias. Para Zanella, o número de saídas temporárias e benefícios concedidos aos presos podem contribuir para o aumento da violência. Não são raros os casos em que os apenados saem do sistema prisional e praticam os chamados "acertos de contas".

- Estamos em um período de estabilidade. Isso é o resultado de um trabalho em equipe e também de uma harmoniosa relação com outras instituições de segurança pública de Santa Maria. Uma característica do município, essa integração entre as forças de segurança é muito importante, porque a comunidade santa-mariense ganha com resultados positivos - diz.

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Além dos homicídios, em 2020 Santa Maria registrou três latrocínios (roubo com morte), número que dobrou desde 2019, mas que teve 100% de elucidação.

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ELUCIDAÇÃO
A maioria dos crimes foi elucidada pela polícia. No ano passado, apenas duas mortes não tiveram as autorias descobertas. Entretanto, o delegado Gabriel Zanella considera que o trabalho de investigação pode ser comemorado em relação às tentativas de homicídio. Foram 140 em 2020, 12% a menos em comparação a 2019, quando foram registradas 160 tentativas de assassinato.

O alto índice de elucidação da autoria de homicídios consumados se mantém nos últimos cinco anos. Em 2019, todos os homicídios foram elucidados. No ano passado, 95% já foram elucidados, e segundo o delegado, o número deve chegar a 100% em 2021, ano em que a delegacia segue com as investigações dos dois crimes que ainda não foram desvendados.

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Conforme Zanella, para um rápido esclarecimento do crime, é fundamental o início imediato das investigações por meio de uma equipe de policiais civis que está sempre de sobreaviso:

- Os índices são elevados e superam, em muitos casos, o número de esclarecimentos de países de primeiro mundo. Sabemos que temos algumas dificuldades, com limitações do ponto de vista material e humano. Apesar disso, temos desenvolvido um trabalho exitoso em conjunto com as outras instituições de segurança pública - observa.

Em 2020, a Delegacia de Homicídios prendeu 57 adultos e apreendeu nove adolescentes. Ao todo, 23 armas de fogo foram apreendidas. 

MOTIVAÇÕES
As vítimas e autores dos homicídios são em maioria homens até 30 anos - em algumas pequenas exceções chega aos 35 anos. Cerca de 75% das motivações estão relacionadas ao tráfico de drogas, desavenças e rixas que são decorrentes do 'mundo do crime'. 

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Os outros 25% dos motivos estão associados a crimes passionais, fúteis e feminicídio - que em 2020 teve apenas um registro, um resultado que mostra uma queda de 75% comparado a 2019 que teve quatro mortes por feminicídio. Conforme a delegada Elizabete Shimomura, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), tanto em 2019 quanto em 2020 todos os crimes foram elucidados.

Conforme o delegado Zanella, a maioria das vítimas e dos autores dos homicídios tem antecedentes policiais e passagens pelo sistema prisional. 

INTEGRAÇÃO DA SEGURANÇA MOSTRA RESULTADOS
De acordo com o coordenador do núcleo de segurança cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, esse tipo de crime está muito ligado as facções criminais. Ele explica que os criminosos atuam desde o sistema prisional gaúcho até as ruas. O ápice das mortes foi registrado nos anos de 2016 e 2017. 

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A transferência dos líderes dessas facções para presídios federais de fora do Estado, o que aconteceu em 2017 com 27 transferências de presídios, teve um impacto importante nesse últimos anos para a redução dos homicídios e latrocínios tanto em Santa Maria quanto em todo o Estado. Mesmo que isso não seja uma avaliação unanime entre os especialistas em segurança, Pazinato explica que, para ele, a redução desses crimes, que é notável desde 2018, está ligado a essas mudanças dentro da hipótese de pesquisa realizada por ele. 

- Essa medida de controle tomada pelo Poder Executivo estadual, sem dúvida, ao meu ver, impactou positivamente na redução desses indicadores e é uma hipótese explicativa importante para esta redução. Além disso, desde 2019, com maior impacto em 2020, não há dúvida que o aprimoramento da gestão de informação, da governança integrada das políticas de segurança do Estado, a partir de uma interface mais direta do Executivo Estadual com o sistema de Justiça também podem estar na base de fatores importantes para essa redução. 

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Da mesma forma, o número de roubos e furtos em Santa Maria teve queda nos últimos cinco anos. Alguns crimes chegaram a diminuir 79% no período de 2016 a 2020. Essa redução também pode ser atribuída ao combate às facções criminosas na região.